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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Capítulo III

Quando cheguei à escola Briam estava na minha classe conversando com Josefy. Ela me olhou sorridente, ele se levantou e veio ao meu encontro. Eu ainda olhava para Josy, que estava com aquela cara de “eu sei de tudo”, claro que Briam contara tudo para ela.
- Bom dia – disse ele encostando seus lábios de leve nos meus.
- Bom dia – respondi, toda sala olhava para nós, ele me acompanhou até minha classe e foi para o lado de Gaby. Ela acenou para mim, eu apenas assenti.
Quando me sentei pude ver que Josefy me encarava curiosa.
- Bom dia Josy – disse.
- Olá garota, e ai conte-me como foi beijar Briam Brown?
- Foi incrível! – nós duas agora parecíamos amigas de infância.
O professor entrou na sala e disse que faríamos um passeio, não entendi o lugar, pois estava olhando para Briam.
-... O que acha Sra. Butongs? – perguntou-me o professor interrompendo meu olhar para Briam.
- Acho incrível – nem sabia do que ele estava falando.
- Ótimo – ele disse virando e voltando a falar do passeio.
- Você vai? – perguntou Josy.
- Onde? – não havia escutado.
- Para Nova Zelândia – disse.
- Não sei – na verdade, não sabia mesmo.
- Vamos, não é todo dia que a escola quer levar os alunos para a Ilha do Norte da Nova Zelândia – Josefy estava maravilhada com a idéia.
- Talvez, tenho que ver com meus pais, tem que pagar passagem, alimentação, não sei se vai dar – queria muito ir, mas a situação financeira não era das melhores.
- Você vai comigo e não se discute – ela só podia ler meus pensamentos.
- Mas... – tentei dizer.
- Nem mais, nem menos, você vem comigo. Amigas para todas as horas, certo?
- Certo, obrigada.
- Não agradeça, só venha e já ficarei feliz.
- Ok!
O resto da manhã passou rapidamente, a exceção foi Briam passar o intervalo comigo. Ele se ofereceu para me levar para casa, aceitei.
- E ai, vai para Nova Zelândia? – ele estava animado com a idéia.
- Vou. Josy vai me levar na bagagem dela – disse com sarcasmo.
- Ah – ele percebeu a nostalgia em minha voz – Vai ser bom, quero dizer, eu adoraria que você fosse – ele parecia estar sendo sincero – seria ótimo passar um tempo a sós, quero dizer eu e você – ele fitava o chão – sabe quero muito ficar com você – seus olhos encontraram os meus, ele se aproximou, me puxou para seu peito, seus lábios procuraram pelos meus, sua respiração estava pior que a minha, ele se afastou.
- Desculpe – ele disse, virou-se e foi embora sem dizer nada. O que teria acontecido? Ele nunca agira assim.
Briam voltou mais tarde, se desculpou pelas suas atitudes, disse que não suportava a idéia de me perder – achava que ele estava ficando louco – aceitei suas desculpas. Ele foi para sua casa, subi para meu quarto e desabei na cama exausta.
Duas semanas se passaram e nada de anormal aconteceu, a única novidade era Briam, agora ele passava quase toda semana ao meu lado, íamos de carro até a minha casa, a tarde, como estava sem fazer nada, saíamos, eu estava procurando um emprego, mas, sabe como é, não conheço nada, mas Briam e Josy prometeram me ajudar.
O que mais surpreendeu, foi ver a escola toda se modificar. Tudo isso por um passeio à Nova Zelândia, que seria daqui a uma semana. Meu Deus está chegando perto! Preciso falar com Josy.
- Posso falar com você um minuto? – perguntei a Josy.
- Claro, vamos – respondeu simpática, me levando para o corredor – o que você precisa querida?
- Bom, não sei como explicar – procurei achar alguma maneira para contar – já faz algum tempinho que Briam disse, bom – como iria dizer? Queria sair correndo – que, queria que fossemos para Nova Zelândia, eu e ele, bom ele quer passar um tempo a sós comigo – baixei a cabeça, não sabia mais o que dizer.
- Meu bem, isso é ótimo, ele quer ficar com você – ela parou de falar, de repente Briam estava ao meu lado. Será que ela sabia que ele iria chegar?
- Posso roubá-la de você, Josy? – ele tinha um sorriso que faria uma geleira derreter.
- Não se esqueça de devolver – Josy soltou uma gargalhada, parecia se divertir.
Briam me levou até o jardim, era um lugar mágico, havia diversas plantas e flores. Ele segurava minha mão enquanto passávamos pelo meio das plantas, havia samambaias, margaridas, rosas, violetas, inúmeras espécies. Havia um banquinho branco onde nós nos sentamos, a expressão dele era tranqüila.
- Mi, gostaria de lhe explicar uma coisa. Bem, quando lhe disse que gostaria de, você sabe, ficarmos a sós, não quero pressionar você a nada, quero dizer, se você não me quiser vou aceitar, tenho que aceitar – seus olhos estavam vidrados nos meus - entende o que quero dizer? Não quero que me interprete – nesse instante levei minha mão até seu rosto, ele ficou em silêncio, ainda me olhando, passei meus dedos em seus lábios, ele fechou os olhos, parecia que estava mais relaxado, me aproximei lentamente, encostei meus lábios nos dele suavemente e me afastei para olhá-lo.
- Não se preocupe gosto muito de você – não sabia como explicar, respirei fundo – podemos dar tempo ao tempo? – esperava não ter sido radical.
- Espero o tempo que você quiser querida – ele se aproximou e me puxou para seus braços – o tempo que você quiser – sussurrou em meu ouvido – vamos para a aula – disse já me levantando, ainda junto ao seu corpo.
- Vamos – já estávamos no corredor quando respondi.
O resto do dia passou calmamente. Para ser sincera a semana toda passou muito tranqüila.
- Trouxe tudo? – perguntou-me Josy – mal posso esperar, esses minutos parecem horas – estava claro que Josy estava louca para viajar, a idéia estava começando a me deixar animada, olhei em volta procurando Briam, mas não o encontrei, onde será que ele estava?
- Ele logo vai chegar, acalme-se – Josy literalmente lia pensamentos.
- Como você sabia...? – não queria perguntar, parecia idiota demais.
- Uma hora dessas prometo explicar, juro! Agora pelo amor de Deus, vamos? – disse já pegando sua linda bolsa preta da Colcci.
- Vamos nessa – não conseguia parar de olhar para trás, esperava encontrar ele. Não demorou muito e pude vê-lo correndo para chegar a tempo.
- Bem na hora garoto – disse Josy beijando-lhe a face. Ele, como sempre, sorria.
- Que bom que veio – disse a ele – E então vamos? – me surpreendi com minha espontaneidade.
A viagem foi tranqüila, dormi nos braços de Briam.
- Chegamos, acorda minha princesa – disse Briam sussurrando em meu ouvido.
Fomos para o hotel, desabei na cama estava exausta. Quando acordei já estava escuro, virei para o lado e Briam estava lá, dormia como um anjo. Fiquei admirando sua beleza, mas não podia ficar ali para sempre. Levantei e fui para o chuveiro, demorei bem mais que o de costume. Reparei que minha cicatriz estava cada vez mais vermelha, o que estaria acontecendo? Ela nunca me incomodou. Resolvi não me preocupar, sai do banheiro de roupão e toalha na cabeça, na ponta dos pés para não acordar Briam, o que foi inútil já que ele estava sentado na cama me encarando.
- Nossa você demorou – disse levantando e andando em minha direção, encostou seus lábios nos meus – minha vez de ir para uma ducha, já volto – e foi para o banheiro.
Liguei as luzes do quarto, aproveitei para me vestir, estava quase pronta quando Briam saiu do banho, ele estava com uma toalha enrolada na cintura, seu peito estava todo amostra, nunca o tinha visto sem camisa. Como ele era perfeito e lindo!
- Nada melhor do que um banho – ele estava andando na minha direção – Josy nos deixou sozinhos essa noite – estava cada vez mais perto – estava pensando em pedir o jantar aqui mesmo, o que acha?
- Parece uma boa idéia – enlacei meus braços em sua cintura, não podia deixar essa oportunidade passar – e depois o que vamos fazer?
- O que sugeri? – ele estava com os olhos esperançosos.
- Vamos passear pela cidade – percebi que ele não havia gostado – ou podemos ficar aqui e descansar, o que acha?
- Vamos ficar – respondeu rapidamente.
O jantar estava ótimo e ficamos conversando. Ainda estava cansada e resolvi deitar, mas apaguei novamente.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Capítulo II

Era uma tarde quente, mas agradável, o sol brilhava e eu estava me arrumando para tomar um sorvete com Briam, o cara mais gato da escola. Vesti inúmeras roupas, mas todas pareciam horríveis e extravagantes demais para um sorvete. Resolvi ir com um short azul jeans, meu all star preto e minha blusa branca, que deixava minhas costas a mostra.
Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo, passei um gloss nos lábios, estava quase pronta, só faltavam os brincos, corri para pegar, quando escutei uma buzina. Caminhei até a janela e lá vi Briam em seu belo carro prata, cujo modelo eu desconhecia. Acenei para ele e corri atrás dos brincos.

- Olá – disse Briam com um sorriso no rosto – você está linda.
- Olá, obrigada. – que sorte não mostrar o vermelhão do meu rosto – que belo carro – mudei de assunto. Ele me olhava no fundo dos olhos, não conseguia pensar enquanto minha respiração era alta, quase ofegante e me deixava irritada.
- Ah... obrigado – disse ele abrindo a porta para que eu entrasse – é um prado, com teto solar, minha belezinha – disse já fechando a porta.
Enquanto ele caminhava ao redor do carro fiquei admirando-o, ele era tão lindo, seu corpo, seu rosto, era um conjunto, uma obra de arte, não parecia real. Ele finalmente entrou no carro.
- Foi ótimo você ter aceitado meu convite, vamos poder nos conhecer melhor – ele sorriu e piscou para mim – vamos – disse por fim, já girando a chave.
Quando chegamos à sorveteria, ele estacionou cuidadosamente seu carro, desceu e abriu a porta para mim.
- Chegamos – ele pegou minha mão. Senti meu sangue fazer minhas veias do pulso pularem freneticamente.
Entramos e andamos na direção de uma das mesas. Ele puxou a cadeira para mim, sentando-se ao meu lado.
- E então, me conte sobre você – seus olhos estavam nos meus, desviei para poder falar.
- O que... exatamente quer saber? – perguntei.
- O que você quiser contar – ele disse.
- Bom eu me mudei faz pouco tempo, sou nova na escola, você me acertou uma bolinha de papel, ficou com remorso e me chamou para um sorvete para se desculpar – me senti tola ao falar desse jeito, ele começou a rir sem parar.
- O que foi? – perguntei nervosa.
- Nada – disse rindo novamente – quer dizer que você acha que a convidei só por que acertei uma bolinha... – ele começou a rir – isso não faz sentido, percebe-se que é nova na escola.
- O que? Por quê? – não estava entendendo.
- Eu reparei em você quando entrou pela porta da sala pela primeira vez – ele parou e fitou meus olhos – você não percebeu?
- Não – como não percebi aquele garoto lindo e perfeito?
- Então tive a idéia de lhe acertar... – ele sorriu.
- Quer dizer que... – tentei me lembrar do dia, mas os olhos dele não permitiram – você fez de propósito?
- Aham – ele pegou minha mão trêmula. Vi que ele percebeu, mas aparentou ignorar enquanto levantava e beijava minha mão, senti seus lábios quentes e macios.
- Como está o sorvete? – perguntou ainda segurando meus dedos.
- Está ótimo – respondi – já terminei – respondi olhando para o pote, ele olhou também e sorriu.
Conversamos sobre música, sobre a escola, sobre o carro que ele ganhara de aniversário e que era seu “chodó”. As horas passaram e nem percebemos. A garçonete se aproximou e falou gentilmente.
- Desculpe incomodar, mas está na hora de fechar.
Ele levantou, pagou a garçonete e puxou minha cadeira.
- Obrigado – disse ele para a garçonete.
Pegou na minha mão e fomos até o estacionamento. Ele abriu a porta para que eu entrasse e a fechou delicadamente. Contornou o carro entrando e girou a chave.
Dessa vez ele ligou o rádio e aumentou o volume. Chegamos em casa tão rápido que nem percebi.
- Foi uma tarde adorável – disse ele abrindo a porta. Sai parando à sua frente – Posso acompanhá-la até a porta? – seu sorriso era irresistível.
- Claro – respondi tão rápido que me surpreendi.
- Chegamos, obrigada pelo sorvete, foi uma tarde agradável, como você disse – me virei para a porta e ele pôs a mão em meu ombro, sua mão era delicada e estava gelada.
- E meu beijo de despedida? – seu sorriso era torto e seus olhos pareciam os de uma criança pedindo um doce.
- Ah, claro – me virei para ele. Fiquei na ponta dos pés e beijei seu rosto. Ele riu.
- Assim não vale – ele passou as mãos em minha cintura, seus olhos fitaram os meus e sua mão subiu até o meio das minhas costas, as minhas mãos enlaçaram seus pescoço. Tive que ficar na ponta dos pés, mas logo ele me levantou se aproximando. Como eu podia resistir? Me inclinei para mais perto e fechei os meus olhos sentindo seus lábios macios e quentes se moldarem aos meus. Ele me puxou para seu peito, sua respiração era alta como a minha, nossos lábios começaram a se mover lentamente, de repente os lábios dele ficaram mais urgentes buscando os meus. Não conseguia respirar, o ar não era suficiente, o beijo foi à melhor experiência da minha vida, ele desceu os lábios pelo meu pescoço, aproveitei para respirar. Seus lábios subiram até meu ouvido, ele sussurrava, muito baixo, estava tão ofegante quanto eu.
- Esse sim, foi um beijo de despedida – ele deslizou os lábios pela minha bochecha e moldou meus lábios novamente, mergulhando em outro longo beijo. Nos separamos lentamente.
- Te vejo na escola – ele disse se virando e indo para o carro.

Entrei em casa completamente tonta, não via o chão, nem nada, mirei as escadas e subi. Entrei em meu quarto e desabei na cama.
Sonhei com Briam obviamente, depois dos beijos se não sonhasse não me perdoaria.
O sonho era em uma floresta, estávamos sozinhos, ele me beijava com urgência, de repente ele saiu correndo atrás de alguma coisa, não reparei no que era, eu gritava para ele voltar, mas ele corria rápido demais, uma anormalidade, concerteza. Acordei percebendo que era apenas um sonho bobo e voltei a dormir.
O sol batia em meu rosto e entrava pela janela clareando todo o quarto.
O domingo passou se arrastando. Aconteceram as mesmas coisas de sempre, eu levantei e fui para o banheiro tomei um banho quente. Reparei que minha cicatriz estava vermelha, ela normalmente é branco, devia ser por causa do banho quente. Me vesti e desci para comer algo, notando que a casa estava vazia e que havia um bilhete na mesa.

“Querida, fomos ao supermercado, mas voltaremos logo, esquente comida congelada se estiver com fome.”
Mamãe.

Esquentei no microondas uma mini lasanha, coloquei num prato e sentei para comer. Quando terminei lavei a louça e subi para o quarto. Não havia muito dever, fiz rapidamente uns cálculos para trigonometria, liguei o rádio e peguei um livro para ler, Nora Roberts minha escritora favorita.
O dia passou lentamente. Desci para a janta, meus pais perguntaram sobre a escola, respondi que era legal, dei-lhes boa noite e subi. Não estava cansada, nem com sono, demorei em dormir. Briam não saia dos meus pensamentos.
Quando consegui, mergulhei na escuridão da noite, dessa vez, sem sonhos.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Capítulo I

A mudança ainda estava em algumas caixas e meu quarto quase pronto. Era pequeno, as paredes eram brancas, tinha uma janela no canto esquerdo onde coloquei uma cortina rosa claro e troquei as lâmpadas velhas e amarelas do lustre por pequenas lâmpadas fluorescentes. Como a casa toda estava meio mobiliada, trouxemos só o que não tinha. O roupeiro era embutido, a cama era de casal com a cabeceira em um tom marfim com formato de coração e, o bônus era uma penteadeira com três espelhos grandes no mesmo tom de marfim que os outros móveis. O quarto tinha um carpete, mas pedi para tirar devido a minha alergia.
O final de semana passou demoradamente, nossa família é pequena e, como somos novos ainda não recebemos visitas.
O dia amanheceu, estava claro quando alguém me chamou.
- Miry, está na hora querida – falou minha mãe sem abrir a porta.
- Já vou – respondi enquanto levantava. Tirei o pijama, vesti uma roupa confortável, peguei minha mochila, desci as escadas, apanhei uma maçã da fruteira e sai para a escola.
Não tinha pressa, como era nova ainda não tinha amigos, só conversava com Josefy, minha colega de classe, ela sempre chegava antes de mim.
A escola ficava a cinco quarteirões da minha casa, não era longe. Quando cheguei fui direto para a sala e estranhei minha colega não estar lá. Sentei e aguardei curiosa. Onde ela poderia estar? Será que iria demorar? O que acontecera? Perguntava-me e, nesse exato momento ela chegou. Estava deslumbrante. Sua presença fazia com que qualquer garota se sentisse um “trapo sujo”, sempre se vestia impecavelmente, usando tons escuros para realçar sua pele branca como porcelana, seus lábios eram sempre vermelhos como sangue, olhos escuros, pretos como a noite, seu corpo era magro, o cabelo era loiro platinado e curto totalmente picado, apontando para várias direções.
- Bom dia – disse ela sentando-se ao meu lado.
- Bom dia – respondi sorridente.
Estava curiosa, mas não sabia se perguntava o que acontecera, então resolvi deixar a curiosidade de lado.
Estava imersa em meus pensamentos quando uma bolinha de papel bateu em meu olho. Foi naquele exato momento que reparei nele, um garoto com um físico de tirar o ar de qualquer garota. Seus olhos eram verdes, sua boca se movia rápido, seus dentes brilhavam como diamantes, seu cabelo bem arrumado era preto como carvão.
- Me desculpe – disse ele – Não machuquei seu olho, não foi? – continuou a falar.
- Não foi nada... – falei. Como alguém pode ser tão lindo?
Minha colega Josefy ria baixinho, fiquei envergonhada pensando que ela tivesse lido meus pensamentos, que paranóia minha isso é impossível.
O garoto perfeito pediu desculpas e foi para sua classe ao lado de uma garota cujo nome não sabia dizer, ela era magra e parecia ser alta, a julgar pelo tamanho das pernas, seu cabelo cor de fogo alcançava o meio das suas costas. Não consegui ver seu rosto, estava virada para frente. Quando ele sussurrou algo em seu ouvido, ela se virou para me encarar e então pude vê-la. Tinha uma pele clara, bochechas rosadas e olhos claros como os dele, que agora também me fitavam. Baixei a cabeça e pude ver que os dois se viravam para frente. Senti meu rosto queimando, mas ninguém podia ver. Essa é uma das vantagens de ter pele escura.
Como não havia percebido aquele garoto lindo antes? Quem era aquela garota ao lado dele? Meu Deus onde eu estava com a cabeça que nunca o vi? O que mais perdi?
- Eu sei de tudo e posso ajudar você, se quiser é claro – disse Josefy interrompendo meus pensamentos.
- Claaaaro, ah se não for atrapalhar – disse sem graça. Mas como ela sabia? Ela parecia ter lido meus pensamentos, mas como...
- Não atrapalha nada sua bobinha – disse-me com um sorriso torto.
Nesse instante ela se colocou de pé e o sinal tocou. Parecia que ela sabia que iria tocar.
-Vamos nessa – disse puxando-me pela porta – Hoje você irá conhecer o pessoal, meus amigos.
Caminhamos até o refeitório, lá havia diversas mesas dispostas aleatoriamente onde os estudantes se espalhavam. Seguimos na direção de uma mesa cheia de garotos parando de frente para eles e ela começou a falar. De inicio não prestei muita atenção no que ela tagarelava, mas depois interrompi meus pensamentos para ouvir.
-... E então essa é... ah Miryan, minha colega de classe – foi o que consegui ouvir.
- Olá gatinha – disse um garoto alto, mais alto que eu, tinha um físico de um jogador de beisebol – Meu nome é Justim Brown, muito prazer em conhecê-la – ele beijou minha mão.
- Ah... igualmente – disse sem graça. “Que gato”, pensei.
- Oi, sou Michael, é um prazer conhecê-la – este não se levantou só acenou para mim, mas deu uma piscadinha sorridente.
- Igualmente – respondi.
- Esses são William, Samuel e Briam, meu irmão – disse Justim apontando para os outros.
- E ai – disseram Samuel e William.
Apenas assenti. Quando me dei conta, Briam estava na minha frente a dois palmos de distancia.
- Você é a garota que eu acertei uma bolinha de papel no olho, não é? – perguntou-me.
- Ah... sim foi – disse sentindo meu estômago se revirar.
- Me desculpe – ele começou – Sou Briam Brown, irmão do Justim – ele parou olhando para seu irmão – esse assanhado – algumas risadas se sucederam com o pequeno comentário de Briam – Você é nova por aqui não é? – perguntou ele com um sorriso estonteante.
- Ah, sim sou nova. Me mudei há poucas dias para cá... – nesse momento Josefy se meteu entre nós.
- Bom, vocês podem se falar depois. Tenho que apresentar o resto da escola para ela se não se importa Briam – ela disse virando-se para ele e dando um beijo em seu rosto.
- Tudo bem – respondeu ele prontamente – Vejo vocês na sala – disse voltando para a mesa.
Nós duas saímos e fomos para outra mesa, nessa havia somente garotas.
- Olá meninas – disse Josy.
- Olá – responderam sorridentes.
- Esta é Miryan, minha colega. Ela é nova por aqui e eu me ofereci para apresentar a escola – disse Josy – esta é Gaby, July e Ambry.
-Oi – disseram as três – Sente-se aqui conosco, seja bem-vinda.
- Ah, obrigada – e me sentei, reconheci um rosto ali, a garota que sentava ao lado do Briam. Tinha certeza de que era ela.
- Você é a garota que o Briam acertou hoje na aula? – perguntou uma voz de anjo. Analisei suas roupas e notei que se vestia despojadamente. Um casaco com as mangas dobradas até o cotovelo, uma blusinha clara para dar destaque, já que seu casaco era preto e simples, tinha um sorriso meigo que não mostrava todos os dentes. Percebi então que não havia respondido sua pergunta e interrompi meus pensamentos para fazê-lo.
- Sou sim, mas não foi nada. Não perdi a visão pelo menos – fiz piada e elas acharam graça. Riram pelo menos.
- Ah – disse ela entre gargalhadas – você é muito engraçada – acrescentou entre risos novamente.
- Obrigada.
- Eu sou Gaby, é um enorme prazer!Bem-vinda a escola, espero que goste daqui.
- O prazer é meu. Espero que sim. – eu realmente esperava gostar da escola.
- Eu sou Ambry Mayer – disse a garota ao lado dela - Sou sua colega também! – parecia a miss simpatia. Seu cabelo era castanho, olhos meio avermelhados, tinha lábios finos, sua pele era morena, pouco mais clara que a minha, vestia uma blusa branca com alguns botões abertos.
- Oi, é um prazer conhecer você também – já estava me sentindo bem acolhida na escola.
- Já que todas falaram, também vou me apresentar. Sou July Scrin – ela era a menos bonita, pode se dizer, ruiva com sardas em seu rosto e era a única a usar o uniforme, pensei que não havia notado minha presença, estava com seu óculos caído até a ponta do nariz, imersa em um livro – seja bem-vinda – ela acrescentou educadamente e voltou para sua leitura.
- Ah, obrigada – o sinal tocou, mais alto dessa vez.
- Bem garotas, vamos para o sacrifício, aula de física quântica – disse Josy. Nos levantamos e fomos para a sala em silêncio.
Quando sentei em minha classe havia um pedaço de papel dobrado em baixo do meu caderno, onde dizia:

“Perdoe-me, gostaria de recompensar, o que acha de tomar um sorvete?”
Briam.

Fiquei paralisada. Minha respiração podia ser ouvida a quilômetros de distancia.
- Você vai, não é? – perguntou Josy curiosa.
- Ahm, não sei. A Gaby não é namorada dele? – perguntei tão baixo que nem sei se ela pôde me escutar.
- Não, Briam é solteiro, e acho que está afim de você – ela lançou um olhar para ele, seu sorriso era malicioso.
- Você é vidente, lê mentes ou o que? – estava intrigada.
- O que? – disse ela – não, quer dizer, isso é meio óbvio, não precisa ser vidente ou ler mentes para saber, é só conhecer os garotos.
O resto da semana voou.

Prólogo

- Miryan, temos más notícias – disse Josy ofegante.
- Fale de uma vez – disse curiosa.
- Não sei como explicar, primeiro sente-se e fique calma – ela estava nervosa.
- Pode falar – “O que poderia estar acontecendo?”, me perguntei.
Estava começando a ficar preocupada, minhas mãos começaram a tremer, estava suando frio, pensava em inúmeras coisas como morte, acidente ou pior, que alguém tivesse nos descoberto. Meu nervosismo alcançou o auge de minha lucidez, deixando-me completamente atordoada, lutei contra a vontade que me tomou de sair imediatamente daquela sala.
– Pelo amor de Deus! – estava gritando com todas as minhas forças – Fale de uma vez!
Naquele mesmo instante, Gaby passa entra na sala e grita a má notícia.
O pânico percorreu meu corpo, dilacerando meu coração, o chão não estava mais abaixo dos meus pés, fechei os olhos e mergulhei em um abismo sem fim.